quinta-feira, 7 de abril de 2011

Divulgando

Recebi essa menssagem ... quem estiver de bobeira ...da uma força:

" Oi Zé

Preciso de ajuda.

Tenho bolsa integral para estudar alemão numa escola especializada em língua alemã, em Campinas. Em troca da bolsa, eu faço eventos culturais como mostra de cinema.

No caso, esse mês bolei duas coisas: exposição permanente na escola de reproduções de xilogravuras expressionistas, produzidas pelo grupo Die Brücke (A Ponte) que foi o primeiro grupo de artistas expressionistas. E amanhã, sexta-feira, 19h30, haverá a exibição do filme O Gabinete do Dr. Caligari, com direito a pipoca e refrigerante. Mas eu preciso que vá gente, para parecer que foi divulgado e que o evento deu certo. teria como vc ir lá com seus amigos amanhã? Vai ser legal.

E o melhor: é gratuito cm direito a pipoca e refrigerante!

É lá no Cambuí, dá pra ir a pé, é perto do bar azul. O endereço é:

KREATIV
Rua Bandeirantes, 405
Cambuí, Campinas - SP
Tel. (19) 3251.7080

O filme estreado em 27 de fevereiro de 1920 entrou para a história do cinema mudo. Da autoria de Robert Wiene, é um dos primeiros filmes de suspense e uma obra-prima do Expressionismo.

 

Das Kabinett des Doktor Caligari, girado entre 1919-1920, numa pequena casa em Berlim-Weissensee, foi não apenas um dos primeiros filmes a serem produzidos em estúdio como também marcou época na história do cinema mudo alemão e mundial. Não houve nenhuma outra produção comparável a essa obra-prima do Expressionismo, sob a direção de Robert Wiene.
Além de ser o filme mudo alemão mais famoso, O Gabinete do Dr. Caligari também entrou para a história do cinema por ser o mais famoso filme sobre psiquiatria, projetando na tela, como num delírio, toda a ambivalência da alma humana.
A combinação da ousadia artística dos seus realizadores e dos poucos recursos do produtor acabou resultando num cult movie indiscutível para os cinéfilos de todo o mundo.
Ambivalência da alma humana
As figuras centrais são o hipnotizador Caligari, que se apresenta num parque de diversões com seu médium Cesare, um sonâmbulo que mata várias pessoas sob hipnose e às ordens de seu mestre. O estudante Francis reconhece Cesare, quando ele arrasta sua amada, Jane.
Francis acaba desmascarando a vida dupla do Dr. Caligari, pois além do seu show como hipnotizador, ele é diretor de um hospital psiquiátrico. Caligari tem um ataque e é levado pela polícia.
Trama genial
Esta história de suspense e de terror, até certo ponto banal, é a trama do filme. Mas o verdadeiramente genial é a existência de uma história dentro da história, isto é, de uma segunda trama ou um segundo nível da trama.
Quando se pensa ver o Dr. Caligari preso ou numa cela do seu próprio manicômio, ei-lo no banco do parque do hospital psiquiátrico como seu diretor, enquanto Francis, Jane e Cesare também estão por lá em outros papéis. Ou seja, o louco é Francis, que estaria contando a estória a outro paciente.
Quanto ao Dr. Caligari, ele aparece nessa segunda trama como o bondoso diretor do hospital. E quando Francis, em sua mania, chama Caligari de louco, o doutor considera o fato uma projeção de seu mal, e um bom sinal de que Francis está melhorando!
O filme puxa o tapete de todas as certezas quanto ao que é normal e anormal. A parte final, a segunda trama, abre a possibilidade não apenas de representar o mundo exterior, como também a vida interior de uma personagem, porém de forma que a lógica narrativa corresponda ao estado psíquico do narrador. Uma ligação estilística magistral da arte com as diversas formas da loucura.
Design expressionista
No entanto, não foi a temática nem a trama que ligaram o filme às correntes expressionistas da época. Foi o seu design único e revolucionário nos começos do cinema: os cenários e ângulos de câmara distorcidos, os estranhos efeitos de luz e sombra na composição dos climas psicológicos.
Tendo pouco dinheiro à disposição, os realizadores usaram e abusaram da imaginação. Em vez de tentar imitar a natureza em caros cenários realistas, criaram um misterioso mundo de madeira e papelão, em branco e preto, como num pesadelo.
Casas tortas, cubistas, corredores e caminhos kafkianos que parecem intermináveis são complementados por uma maquilagem tétrica, pelos figurinos, bem como uma mímica expressiva e a inigualável presença criada pela linguagem corporal dos atores.
O ator que virava doutor
Lil Dagover, que fez o papel de Jane, conta sobre seu ídolo, o ator Werner Kraus (o Dr. Caligari). Ao chegar no estúdio em Berlim:
"Entrei e vi Werner Kraus passar no meio do cenário, completamente compenetrado no papel de Caligari. Então eu o cumprimentei: 'Bom dia, Sr. Kraus'. Ele me olhou como se nunca tivesse me visto na vida. Aí um dos iluminadores me disse: 'Acontece que a partir das nove horas ele é o Dr. Caligari'. Veja você, aí caiu a ficha, só então percebi que esse grande ator dava tudo de si, se esforçava até a última consequência para mergulhar nesse papel".
O final do filme é uma provocação, deixando em aberto o que é real e o que é alucinação. Ao fazer isso, cria aquela ambiguidade que joga com a realidade aparente e a pura ilusão dos sentidos. O Gabinete do Dr. Caligari, nesse sentido, é o próprio cinema, a sétima arte da ilusão.
"O filme nada perdeu de sua atualidade, pois expõe os efeitos do autoritarismo, despotismo, tirania e da influência das massas através do hipnotismo. Mas também pela ligação estilística da arte moderna com formas da loucura", observa a Enciclopédia Internacional do Filme.